Aqui a Pontinha serve de ponto intermédio, pois a ciclovia a meu ver começa no Metro e distribui-se ou para Carnide ou para os lados do Colombo.
Vamos para Carnide agora:
Temos como base a estação de Metro da Pontinha.
Sem ser preciso fazer mais que 5 metros começamos a encontrar coisas a melhorar...
...mesmo a melhorar! Aqui a grelha metálica desapareceu ( quase de certeza foi roubada para derreter e vender) e não sei à quanto tempo aconteceu....mas quem vai a subir consegue reparar na falta dela, a descer a história é outra!
Pormenor do buraco. Cabe lá uma roda inteira facilmente!
Depois de subirmos ,vamos dar às traseiras do Quartel e a ciclovia desenrola-se pelos campos que em breves momentos nos faz esquecer que estamos na cidade...
....mais que não seja por se transformar em Ecovia! Não me perguntem o porquê!? Faz de conta que é de propósito e ecológico! :)
Quem a usa, a pé ou de bicicleta deve achar piada à mesma. Falo por mim que as rodas finas agradecem! :)
Depois do BTT que dura talvez uns 50 metros voltamos ao troço que entra no Bairro Padre Cruz.
...e sobe...
e continua ....
aqui saimos do bairro junto às traseiras de uma escola primária...
...depois cruzamos uma estrada e entramos neste ....BECO ! Tem lá a entrada para o pavilhão polidesportivo e umas hortas. Talvez tenha mais uma ecovia meio escondida ,mas não dei por ela. Sei que se quisesse continuar para os lados de Telheiras iria pela estrada como qualquer veículo normal e isso não tem mal nenhum....só me faz confusão porque raio a ciclovia começa ou acaba ( depende da perspectiva) ali!?
28 fevereiro 2011
27 fevereiro 2011
My All-Around Bike
Esta é a minha menina! Uma VAG Mission Ultra ! lol Uma bike supostamente portuguesa ( a montagem) , de uma empresa portuguesa , de olhos em bico! ( quadros feitos na China ou Taiwan).
Na altura foi um quadro bem acessivel para comprar e os resto do equipamento foi comprado e montado aos poucos para o BTT . Queria ter uma bicicleta utilitária e como a vida não está fácil tive que me adaptar . O ideal seria uma bicicleta própria para a cidade, com tudo o que tinha direito, luzes com dinamo, rack para os alforges, uma posição mais direitinha, etc...
Mas como temos que improvisar posso dizer que não me saí nada mal ! ahahahha Não é a mais confortável mas leva-me a todo lado como qualquer coisa com duas rodas e pedais , os pneus finos ajudam muito a rolar, o guarda-lamas frontal é porreiro porque protege bastante e já vinha do tempo do btt enlameado, as luzes também já as tinha ( não as levei nesta volta) , o suporte atrás não é das melhores coisinhas que vi mas aguenta com uma mochila e levo lá o cadeado preso...saiu barata esta adaptação! :)
Na altura foi um quadro bem acessivel para comprar e os resto do equipamento foi comprado e montado aos poucos para o BTT . Queria ter uma bicicleta utilitária e como a vida não está fácil tive que me adaptar . O ideal seria uma bicicleta própria para a cidade, com tudo o que tinha direito, luzes com dinamo, rack para os alforges, uma posição mais direitinha, etc...
Mas como temos que improvisar posso dizer que não me saí nada mal ! ahahahha Não é a mais confortável mas leva-me a todo lado como qualquer coisa com duas rodas e pedais , os pneus finos ajudam muito a rolar, o guarda-lamas frontal é porreiro porque protege bastante e já vinha do tempo do btt enlameado, as luzes também já as tinha ( não as levei nesta volta) , o suporte atrás não é das melhores coisinhas que vi mas aguenta com uma mochila e levo lá o cadeado preso...saiu barata esta adaptação! :)
Ciclovias - Falagueira / Brandoa
Na Amadora fez-se em tempos uma tentaviva de dar um toque de modernismo ao adicionar as tão aclamadas ciclovias. Foi um projecto que não correu muito bem porque as coisas não foram bem feitas, talvez por falta de informação de quem as fez, isso e dois dedos de testa! Porque essas "ciclovias" nada mais eram que traços azuis e umas marcas com forma de bicicleta em azul em cima dos passeios em que ficavamos com...vá....40 ou 50cm para circular, esqueci-me de dizer....circular à beira do passeio, com tudo o que isso envolve, ou seja:
1- andávamos em cima do passeio e não na estrada e os passeios não são propriamente largos e tinham que ser partilhados pelos peões.
2- por acaso à beira dos passeios é onde se encontram as paragens de autocarro, os caixotes do lixo, os semáforos, os postes de electricidade, as àrvores, etc!
3- não era muito funcional porque era um sobe e desce de passeio desgraçado, sim porque até podia ser nos passeios mas sem rampas feitas, porreiro para free-style, agora um sénior com a sua bicicleta não aguentava tanto exercicio fisico!
Confesso que tive pena de quem andou a pintar os traços no chão porque era dificil levar uma linha a direito com tanta coisa para contornar! Muitas estavam interrompidas pelo espaço exacto do carro que devia estar estacionado naquele momento em cima do passeio!
Hoje em dia....já não nos podemos queixar! Agora sim é bom! ( ironia) Temos verdadeiras ciclovias ,como aquelas de Amsterdão! .....Don"t !!!
Elas são vermelhas...mas continuam muitas vezes em cima dos passeios, já sem árvores pelo caminho e outros acessórios, já têm rampas ou tentativas disso ( porque se tivesse cadeira de rodas não me pareceriam rampas) , mas....e que raio de ingrato que sou....sempre com um MAS! Continuam a ser mal feitas e sem nexo, ou feitas como projectos inacabados!? Não sei explicar , nem entendo ou não quero entender....mas sinto-me sempre a levar com areia para os olhos e sentir uma má fé! É aquele fazer as coisas para calar, para inglês ver!
Esta ciclovia ou parte disso tem 850metros e não os andei a contar....está lá marcado no chão. 850mts! E é isso! Não tem mais história! São 850mts de puro prazer ! Pelas fotos podem-se ver inumeras pessoas a usufruir daquele pedaço de chão pintado de vermelho que queriam mais! Velhos, novos, grávidas, a fazer exercicio ou simplesmente a deslocarem-se para chegar a algum lado, inacreditavelmente muita gente usa a ciclovia inacabada!
Não me digam que são investimentos caros e que não há muito interesse pela população local por "estas coisas" !
Investimentos caros são o carro novo do Srº Presidente da Camara, os carros novos dos vereadores ( hibridos....atenção que é pelo meio-ambiente) e as várias deslocações de poucos metros destes mesmos seus pópós com Cheufeur...coisa fina !
*click na imagem para ficar maior
O inicio, junto à estação de Metro da Amadora-Este
A ciclovia com os seus utilizadores
The End...
Agora vendo no mapa, porque é que ninguém se lembrou de ter construido uma ciclovia separada das faixas de rodagem, a fazer ligação à já existente na Pontinha...que por sua vez já está ligada a outros sitios?! Digo isto porque com os novos acessos de Cril e derivados ...essa ligação directissima existe! são 2 minutos de carro e 5 de bicicleta. Só que não foi feito! e não acredito que 97% dos utilizadores utilizem esta ligação . Aquilo está basicamente uma via rápida, com duas faixas para cada lado e as velocidades não são baixas.
1- andávamos em cima do passeio e não na estrada e os passeios não são propriamente largos e tinham que ser partilhados pelos peões.
2- por acaso à beira dos passeios é onde se encontram as paragens de autocarro, os caixotes do lixo, os semáforos, os postes de electricidade, as àrvores, etc!
3- não era muito funcional porque era um sobe e desce de passeio desgraçado, sim porque até podia ser nos passeios mas sem rampas feitas, porreiro para free-style, agora um sénior com a sua bicicleta não aguentava tanto exercicio fisico!
Confesso que tive pena de quem andou a pintar os traços no chão porque era dificil levar uma linha a direito com tanta coisa para contornar! Muitas estavam interrompidas pelo espaço exacto do carro que devia estar estacionado naquele momento em cima do passeio!
Hoje em dia....já não nos podemos queixar! Agora sim é bom! ( ironia) Temos verdadeiras ciclovias ,como aquelas de Amsterdão! .....Don"t !!!
Elas são vermelhas...mas continuam muitas vezes em cima dos passeios, já sem árvores pelo caminho e outros acessórios, já têm rampas ou tentativas disso ( porque se tivesse cadeira de rodas não me pareceriam rampas) , mas....e que raio de ingrato que sou....sempre com um MAS! Continuam a ser mal feitas e sem nexo, ou feitas como projectos inacabados!? Não sei explicar , nem entendo ou não quero entender....mas sinto-me sempre a levar com areia para os olhos e sentir uma má fé! É aquele fazer as coisas para calar, para inglês ver!
Esta ciclovia ou parte disso tem 850metros e não os andei a contar....está lá marcado no chão. 850mts! E é isso! Não tem mais história! São 850mts de puro prazer ! Pelas fotos podem-se ver inumeras pessoas a usufruir daquele pedaço de chão pintado de vermelho que queriam mais! Velhos, novos, grávidas, a fazer exercicio ou simplesmente a deslocarem-se para chegar a algum lado, inacreditavelmente muita gente usa a ciclovia inacabada!
Não me digam que são investimentos caros e que não há muito interesse pela população local por "estas coisas" !
Investimentos caros são o carro novo do Srº Presidente da Camara, os carros novos dos vereadores ( hibridos....atenção que é pelo meio-ambiente) e as várias deslocações de poucos metros destes mesmos seus pópós com Cheufeur...coisa fina !
*click na imagem para ficar maior
O inicio, junto à estação de Metro da Amadora-Este
A ciclovia com os seus utilizadores
Já um bocado gasta da muita utilização, o que para mim é bom sinal!
Vista inversa, com o Metro ao fundoThe End...
Agora vendo no mapa, porque é que ninguém se lembrou de ter construido uma ciclovia separada das faixas de rodagem, a fazer ligação à já existente na Pontinha...que por sua vez já está ligada a outros sitios?! Digo isto porque com os novos acessos de Cril e derivados ...essa ligação directissima existe! são 2 minutos de carro e 5 de bicicleta. Só que não foi feito! e não acredito que 97% dos utilizadores utilizem esta ligação . Aquilo está basicamente uma via rápida, com duas faixas para cada lado e as velocidades não são baixas.
26 fevereiro 2011
25 fevereiro 2011
EUA, Sim eles conseguem!
Se na terra das oportunidades como é dito, e em que há uma taxa de obesidade brutal, carros com motores v6 ou v8 sei lá ....é tudo com mais cavalos que um camião TIR dos nossos :) se lá eles vão conseguindo criar mais alternativas à mobilidade, devolver um pouco mais de espaço a quem não anda de carro, nós por cá à beira-mar plantados, à pontinha da Europa ....quase a cair, também temos que conseguir! Aos poucos vamos conseguir!
Não digo que nos EUA está a ser fácil ( basta ir seguindo alguns blogs locais e nota-se que ainda há muito atritos, mas também se sente que há muito politico disposto a mudanças, nem que seja pelos votos) mas em cidades em que seria dificil imaginar a mudança, as coisas estão a andar! Não vejo o porquê que em Portugal seja diferente. Calculo que à escala das nossas cidades seja um trabalho mais simples o dar direito aos peões , ciclistas, etc....do que numa cidade americana.
Haja vontade e consciência! E se for por falta de ideias em arranjar soluções, basta pesquisar por esta internet fora que se encontra muito boa gente que sabe o que escreve e diz.....só não tem o que outros têem .....PODER!
Moving Beyond the Automobile: Biking from Streetfilms on Vimeo.
Não digo que nos EUA está a ser fácil ( basta ir seguindo alguns blogs locais e nota-se que ainda há muito atritos, mas também se sente que há muito politico disposto a mudanças, nem que seja pelos votos) mas em cidades em que seria dificil imaginar a mudança, as coisas estão a andar! Não vejo o porquê que em Portugal seja diferente. Calculo que à escala das nossas cidades seja um trabalho mais simples o dar direito aos peões , ciclistas, etc....do que numa cidade americana.
Haja vontade e consciência! E se for por falta de ideias em arranjar soluções, basta pesquisar por esta internet fora que se encontra muito boa gente que sabe o que escreve e diz.....só não tem o que outros têem .....PODER!
Moving Beyond the Automobile: Biking from Streetfilms on Vimeo.
17 fevereiro 2011
Cada vez mais raros
Cada vez se vêem menos, mas ainda não desapareceram! Uma profissão em vias de extinção, pelo menos nesta forma ambulante. Engraçado que quando o ouvi a tocar a sua flauta de Pã , vieram-me logo à memória recordações de infância em que quando ouvia aquele toque de chamada ia logo a correr para a janela para o ver passar! :)
O Amolador de facas
"Não existem doenças, não existem curas, tudo é um reflexo da alma"
Há muitos anos, podia-se ver pelas ruas ainda poentas do interior de meu país, um senhor de idade avançada, andar trôpego, cãs, pele morena do sol, rosto sulcado, olhar manso, com sua voz cansada a gritar: "eis o amolador de facas".
Passava de cidade em cidade. Por vezes ficava semanas longe de sua família, longe de seu lar. A vida era difícil. Todavia, jamais alguém poderia dizer que aquele senhor estivera algum dia sem um sorriso nos lábios. Sorria, ainda que de modo singelo, mas de uma maneira tão amável e pura que eu me arriscaria a dizer que era ele uma pessoa feliz.
Ao abrir a porta de sua casa, já pelos prelúdios do arrebol, após a estafa dos dias de sua rotina, puxava de seu jaleco, já um tanto maltratado pelo tempo, um saco que continha uma bengala de pão, pó de café, açúcar, manteiga e, quando o sentimento falava mais alto que suas necessidades físicas e resolvia se alimentar um pouco menos, também fazia tilintar algumas moedinhas que dava às crianças, a fim de que fossem se deliciar com algumas balas de caramelo no bazar da esquina.
Assim a vida caminhou...
...Caminhou...
...Correu...
...Quando eu estava na varanda de minha casa, numa segunda-feira cinérea de julho, perguntei a meu pai por que o velhinho que amolava facas, a quem eu perturbava tanto pedindo para que contasse suas histórias enquanto limava os utensílios de minha mãe, não mais vinha a nossa porta, com seus trejeito bonachão, empurrando sua meia bicicleta nas mãos e seu assobiar na boca. Papai respondeu que não sabia. Disse que talvez aquele senhor tivesse adoecido, ou talvez estivesse cansado ultimamente, cansado para trabalhar, ou quem sabe...
Este que vos fala (creiam, com os olhos marejados) naquela época não tinha mais do que doze anos.
Assim, continuei olhando para a rua com a esperança de rever o amolador de facas. Em vão. Muito me afeiçoara ao velho. Os velhos têm esse poder fantástico de fazer com que as crianças se apaixonem por eles. Quiçá pelo fato de saberem ouvir e falar a linguagem das crianças; saberem da importância de se receber e dar ouvidos.
Sem pensar, lancei-me pela cidade buscando encontrá-lo no vestíbulo de uma casa qualquer, com seu sorriso mágico, com sua boina amarelada e seu jaleco cinza, compenetrado na sua sina de amolar facas.
Andei por muito, muito tempo. Passei por lugares diversos olhando nos quintais e pelas janelas entreabertas mas nada, nada do
velhinho. No momento em que estava num ponto citadino já bem afastado, prostrei-me defronte a uma mansarda simples, de um branco desbotado, onde pude observar uma singela tabuleta talhada em madeira que dizia: "amolador de facas".
Com meu coração palpitante, resolvi bater na porta.
Após alguns segundos, uma mulher já bem idosa abriu a porta da casa e perguntou-me o que eu desejava:
-Gostaria de saber se aqui mora um senhor que amolafacas.
Antes de eu obter uma resposta, pude perceber, através da porta semi aberta, uma boina amarelada pendurada junto a um jaleco cinza numa das paredes internas. Tive mesmo a sensação que jaziam ali num silêncio tão triste que volvi rapidamente o meu olhar para os olhos da senhora que a minha frente estava parada, com o olhar não muito diferente das mencionadas indumentárias.
-Morreu, criança. Morreu faz algunsdias.
-Morreu?! Como?!
-Há algum tempo que vinha triste e os médicos falaram que foi câncer.
-Meu Deus! Bem, desculpe-me, senhora, é que... é que... eu queria que ele fosse lá em casa para amolar algumas facas.
-Sério?! Eu pensei que hoje em dia já não se amolassem facas.
Despedi-me e fui embora.
Ao retornar para minha casa, papai mostrava-se preocupado com meu repentino sumiço. Quando notou que eu vertia lágrimas, perguntou-me o que me havia acontecido.
Contei-lhe a história e ele se compadeceu do pobre velhinho. Abraçou-me e ensinou-me algumas coisas a respeito da vida e da morte. Lembro-me de que foi a primeira vez que tive um contato tão intenso com o mal irremediável.
Papai, naquele instante, pegou algumas facas velhas que estavam no porão de nossa casa e jogou-as no lixo. Não mais precisaríamos delas. Há muito, a bem da verdade, não precisávamos delas. Ficavam guardadas apenas esperando pelas visitas do amolador de facas. Existiam, ainda, apenas para que pudessem ajudar o amolador de facas, e acredito que, de alguma forma, fizeram o seu papel.
Penso, hoje em dia, já bem mais crescido, que o mundo todo estava, naquela época, sofrendo uma metamorfose sem volta, uma intensa e irremediável transformação. Os objetos se mostravam cada vez mais descartáveis. As pessoas, quando do envelhecimento de algo, simplesmente o jogavam fora, substituindo-o por outros objetos novos. Não havia mais por que guardá-los. Tudo poderia ser trocado. Tudo, menos o esforço de uma vida.
Creio que o velho amolador de facas não morreu de câncer. É, a mim, muito pouco, muito pequeno pensar dessa forma. Feneceu sim, foi de tristeza. De uma tristeza pungente e voraz. Morreu ele pela dor que o assolou face ao sentimento de não mais se sentir útil.
Ao usar este artigo, mantenha os links e faça referência ao autor:
O Amolador De Facas publicado 5/05/2008 por Luiz Francisco Ballalai Poli em http://www.webartigos.com/
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/5848/1/O-Amolador-De-Facas/pagina1.html#ixzz1EOotOM3w
O Amolador de facas
O amolador de facas
"Não existem doenças, não existem curas, tudo é um reflexo da alma"
Há muitos anos, podia-se ver pelas ruas ainda poentas do interior de meu país, um senhor de idade avançada, andar trôpego, cãs, pele morena do sol, rosto sulcado, olhar manso, com sua voz cansada a gritar: "eis o amolador de facas".
Passava de cidade em cidade. Por vezes ficava semanas longe de sua família, longe de seu lar. A vida era difícil. Todavia, jamais alguém poderia dizer que aquele senhor estivera algum dia sem um sorriso nos lábios. Sorria, ainda que de modo singelo, mas de uma maneira tão amável e pura que eu me arriscaria a dizer que era ele uma pessoa feliz.
Ao abrir a porta de sua casa, já pelos prelúdios do arrebol, após a estafa dos dias de sua rotina, puxava de seu jaleco, já um tanto maltratado pelo tempo, um saco que continha uma bengala de pão, pó de café, açúcar, manteiga e, quando o sentimento falava mais alto que suas necessidades físicas e resolvia se alimentar um pouco menos, também fazia tilintar algumas moedinhas que dava às crianças, a fim de que fossem se deliciar com algumas balas de caramelo no bazar da esquina.
Assim a vida caminhou...
...Caminhou...
...Correu...
...Quando eu estava na varanda de minha casa, numa segunda-feira cinérea de julho, perguntei a meu pai por que o velhinho que amolava facas, a quem eu perturbava tanto pedindo para que contasse suas histórias enquanto limava os utensílios de minha mãe, não mais vinha a nossa porta, com seus trejeito bonachão, empurrando sua meia bicicleta nas mãos e seu assobiar na boca. Papai respondeu que não sabia. Disse que talvez aquele senhor tivesse adoecido, ou talvez estivesse cansado ultimamente, cansado para trabalhar, ou quem sabe...
Este que vos fala (creiam, com os olhos marejados) naquela época não tinha mais do que doze anos.
Assim, continuei olhando para a rua com a esperança de rever o amolador de facas. Em vão. Muito me afeiçoara ao velho. Os velhos têm esse poder fantástico de fazer com que as crianças se apaixonem por eles. Quiçá pelo fato de saberem ouvir e falar a linguagem das crianças; saberem da importância de se receber e dar ouvidos.
Sem pensar, lancei-me pela cidade buscando encontrá-lo no vestíbulo de uma casa qualquer, com seu sorriso mágico, com sua boina amarelada e seu jaleco cinza, compenetrado na sua sina de amolar facas.
Andei por muito, muito tempo. Passei por lugares diversos olhando nos quintais e pelas janelas entreabertas mas nada, nada do
velhinho. No momento em que estava num ponto citadino já bem afastado, prostrei-me defronte a uma mansarda simples, de um branco desbotado, onde pude observar uma singela tabuleta talhada em madeira que dizia: "amolador de facas".
Com meu coração palpitante, resolvi bater na porta.
Após alguns segundos, uma mulher já bem idosa abriu a porta da casa e perguntou-me o que eu desejava:
-Gostaria de saber se aqui mora um senhor que amolafacas.
Antes de eu obter uma resposta, pude perceber, através da porta semi aberta, uma boina amarelada pendurada junto a um jaleco cinza numa das paredes internas. Tive mesmo a sensação que jaziam ali num silêncio tão triste que volvi rapidamente o meu olhar para os olhos da senhora que a minha frente estava parada, com o olhar não muito diferente das mencionadas indumentárias.
-Morreu, criança. Morreu faz algunsdias.
-Morreu?! Como?!
-Há algum tempo que vinha triste e os médicos falaram que foi câncer.
-Meu Deus! Bem, desculpe-me, senhora, é que... é que... eu queria que ele fosse lá em casa para amolar algumas facas.
-Sério?! Eu pensei que hoje em dia já não se amolassem facas.
Despedi-me e fui embora.
Ao retornar para minha casa, papai mostrava-se preocupado com meu repentino sumiço. Quando notou que eu vertia lágrimas, perguntou-me o que me havia acontecido.
Contei-lhe a história e ele se compadeceu do pobre velhinho. Abraçou-me e ensinou-me algumas coisas a respeito da vida e da morte. Lembro-me de que foi a primeira vez que tive um contato tão intenso com o mal irremediável.
Papai, naquele instante, pegou algumas facas velhas que estavam no porão de nossa casa e jogou-as no lixo. Não mais precisaríamos delas. Há muito, a bem da verdade, não precisávamos delas. Ficavam guardadas apenas esperando pelas visitas do amolador de facas. Existiam, ainda, apenas para que pudessem ajudar o amolador de facas, e acredito que, de alguma forma, fizeram o seu papel.
Penso, hoje em dia, já bem mais crescido, que o mundo todo estava, naquela época, sofrendo uma metamorfose sem volta, uma intensa e irremediável transformação. Os objetos se mostravam cada vez mais descartáveis. As pessoas, quando do envelhecimento de algo, simplesmente o jogavam fora, substituindo-o por outros objetos novos. Não havia mais por que guardá-los. Tudo poderia ser trocado. Tudo, menos o esforço de uma vida.
Creio que o velho amolador de facas não morreu de câncer. É, a mim, muito pouco, muito pequeno pensar dessa forma. Feneceu sim, foi de tristeza. De uma tristeza pungente e voraz. Morreu ele pela dor que o assolou face ao sentimento de não mais se sentir útil.
Ao usar este artigo, mantenha os links e faça referência ao autor:
O Amolador De Facas publicado 5/05/2008 por Luiz Francisco Ballalai Poli em http://www.webartigos.com/
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/5848/1/O-Amolador-De-Facas/pagina1.html#ixzz1EOotOM3w
14 fevereiro 2011
Estranha ciclovia
Como é óbvio sou a favor das ciclovias, desde que bem feitas e funcionais. Descobri agora uma nova em Benfica que estava meio escondida ( de mim ,pois não passava naquele sitio há algum tempo) e que me surpreendeu! Indo eu na ciclovia que liga o Fonte Nova ( centro comercial) ao Colombo e que continua até Telheiras , reparei que nas traseiras de uns prédios em que havia um descampado que servia de parque de estacionamento houve uma transformação para um belo espaço ajardinado com um quiosque com esplanada e tudo! Excelente disse eu! Só indo de bicicleta é que dava com aquilo ou a pé! No entanto também tinha uma ciclovia e decidi segui-la para ver onde começava e onde acabava....e....
Aqui é o começo! ? Vem de uma ligação da ciclovia "principal" : Fonte Nova - Colombo que está naquele espacinho que se vê na foto , ali à direita entre os dois prédios.
Vista do espaço ajardinado, que dantes era um enorme "parque de estacionamento " no lamaçal.
Aqui é a continuação seguindo na direcção do Hospital da Luz ....mas calculo que continue !?
Espero que seja uma resolução com os "donos" daquelas hortas e que não seja simplesmente mais uma obra inacabada como outras tantas em Portugal.
Aqui é o começo! ? Vem de uma ligação da ciclovia "principal" : Fonte Nova - Colombo que está naquele espacinho que se vê na foto , ali à direita entre os dois prédios.
Vista do espaço ajardinado, que dantes era um enorme "parque de estacionamento " no lamaçal.
Aqui é a continuação seguindo na direcção do Hospital da Luz ....mas calculo que continue !?
Espero que seja uma resolução com os "donos" daquelas hortas e que não seja simplesmente mais uma obra inacabada como outras tantas em Portugal.
Aqui fica a localização:
12 fevereiro 2011
Voltar à vida
Voltei a andar de bicicleta depois de uma longa e preguiçosa paragem, não sei a que se deveu mas não me apetecia simplesmente. Era assíduo no BTT, moderador de um fórum de BTT e assim fiquei um par de anos. Ganhei muitos e bons amigos espalhados por esse país, mas houve um dia que parei! Talvez também devido ao nascimento do meu filho que em nada deveria ter a ver com isso! :)
Continuo a gostar de BTT mas já não faço as mesmas jornadas, mas....comecei a ganhar um maior gosto pela Bicicleta não tanto pelo desporto mas sim na sua função de transporte ! Fui seguindo blogs, sites e uns atrás dos outros descobri um mundo novo em que havia muita vontade, muito esforço de quem quer ter melhor qualidade de vida e luta pelos seus direitos ou tenta ter alguns. Quero pertencer a esse mundo !
Eu aos poucos e sem falsas promessas vou começando a usar a bicicleta como meio de transporte .
Continuo a gostar de BTT mas já não faço as mesmas jornadas, mas....comecei a ganhar um maior gosto pela Bicicleta não tanto pelo desporto mas sim na sua função de transporte ! Fui seguindo blogs, sites e uns atrás dos outros descobri um mundo novo em que havia muita vontade, muito esforço de quem quer ter melhor qualidade de vida e luta pelos seus direitos ou tenta ter alguns. Quero pertencer a esse mundo !
Eu aos poucos e sem falsas promessas vou começando a usar a bicicleta como meio de transporte .
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